Tropeçália - Jéferson Assumção

Tropeçália - Jéferson Assumção

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Título: Tropeçália
Autor: Jéferson Assumção
Gênero: Romance, literatura brasileira contemporânea
Páginas: 285
Capa: Bloco Gráfico
Dimensões: 14 x 21 cm
Acabamento: Brochura
Lançamento: setembro de 2022


 

Se a gente mora num PÁ TROPÍ, ABENÇOÁ POR DÊ e BONÍ POR NATURÊ, a beleza vem mais do nosso tropicar, marcado no improviso da letra de Jorge Ben Jor,  do que de qualquer outra coisa. Eis o Brasil dos tropeços, em que o “trópico tropica emaranhado no trambique. A treta frutifica(...)”, como na canção Tristes Trópicos, de Itamar Assumpção. É desses tropeções à brasileira que trata este Tropeçália, de Jéferson Assumção, um romance que também é um disco e que faz parte da trilogia O inferno dos sentidos, iniciada com Berço de Judas (Taverna, 2019).

O êxodo rural dos anos 70 e a formação do ambiente cultural das periferias de Porto Alegre, pedaço mais ao sul mas que também fala dos periféricos de todo o país, são temas que o autor entrelaça e explora para contar a história do guitarrista George. De câmelo em Canoas, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, a músico de jazz em Londres, o personagem dá vida aos muitos conflitos de classe, sociais e econômicos tão íntimos aos brasileiros. Em sua jornada de ascensão, tão idealizada por cada filho desta terra, dele se exige que abandone pelo caminho convicções e alguns sonhos da juventude, como a banda que formou com amigos e que dá título ao livro: Tropeçália. Desentendimentos amorosos, amizades que vão se distanciando, ressentimentos nunca verbalizados - depois de relativo sucesso nos anos 90, Tropeçália tropeça em si mesma e acaba.

Acontece que a decisão de encerrar a banda, lá em 1994, pode ter abalado seu irmão, o frágil John, que não teve a mesma sorte de George e, adulto, se vê enredado numa existência amarga, refém do vício em crack. 

Bem-sucedido e reconhecido, George precisa decidir se volta a Porto Alegre e refaz a banda, a pedido do produtor Jay Jay, para tentar ajudar o irmão a recuperar algum encanto pela vida ou rejeita a ideia, que lhe parece assustadora, de se deparar com os destinos pequenos, para ele, de seus amigos e ex-companheiros de Tropeçália. O que parece a princípio uma tentativa de resgatar John e lhe dar uma segunda chance se revela, como os sonhos que timidamente mandam mensagens do inconsciente, algo mais: um segredo e um desejo de resolver o que ficou no passado entre George, Lena (baixista e ex-namorada de George) e Deco (baterista).

Tropeçália é uma história de personagens camaleônicos, na qual a distância tornou tudo muito frágil e difícil de se reconectar. Há desconfiança por todos os lados, um desejo e uma admiração que ressurgem, a idade e a vida apagada que os mediocriza e geram os tropeços de quem tenta agora ser o que não pode mais. Mas é ainda um romance sobre um país que, na mesma medida que é um caldeirão fervilhante de ritmos e utopias, destinado a dar certo, também fracassa, sonho após sonho.

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"Tropeçália, nome maroto para coisa séria. Ao parodiar o célebre movimento cultural brasileiro como nome de sua banda, um grupo de jovens vê que nem tudo é tão fácil para situar-se no plano nacional; por mais que se esforcem, têm contra si uma condição econômica periférica e uma montanha de difícil escalada. Uns ficam pelo caminho, enquanto um consegue certo lugar ao sol. Mas enquanto lutam pela sobrevivência, não se apercebem que o panorama social e o espírito do tempo fui mudando para o império do pensar-em-si-mesmo, e o impacto dessa consciência faz com que protagonizem atos extremos, cheios de vida e efêmeros desejos, ao tentarem reencontrar-se numa era que já não existe. Este romance é mais do que uma bela peça literária: ele nos alerta para o tempo que passa, tão inexorável quanto nossa vida pessoal, e que o desejo de reviver antigas utopias, em sua face estática, não terá sentido se não entendermos esse fenômeno. Parabéns a Jéferson Assumção, um escritor consciente, que há muito já se deu conta disso."
Luiz Antonio de Assis Brasil